18.12.06

Índice

  1. Introdução
  2. Os anos de Formação
  3. Análise: Villa Fallet
  4. Os anos de Transição
  5. Análise: Villa Schwob
  6. A Década Heróica
  7. Análise: Villa Savoye
  8. Bibliografia

Introdução


Este trabalho tem por objetivo explorar a biografia e a obra de Charles - Édouard Jeanerret, mundialmente conhecido pelo pseudônimo de Le Corbusier, um dos maiores arquitetos do século XX.
Seguindo a organização cronológica e a divisão entre suas fases projetuais adotadas por Geoffrey H. Baker, a obra de Le Corbusier será abordada desde os anos de sua formação como arquiteto em La Chaux-de-Fonds até sua fase do Pós-Guerra, sem aprofundar-se em movimentos estéticos, mas apenas no desenvolvimento de sua arquitetura, estudada aqui pela análise de obras, também baseada nos estudos de Baker, consideradas importantes em cada período.
Explore as figuras e navegue pelos links de assuntos relacionados para melhor compreensão do tema.

17.12.06

Os Anos de Formação


Charles Édouard Jeannerret nasceu em 1887, na cidade suíça de La Chaux-de-Fonds, perto da fronteira com a França. Durante sua formação como designer e gravador na escola local de artes e ofícios, Jeannerret envolveu-se com as últimas fases do movimento Arts and Crafts (Artes e Ofícios).

A natureza constituía uma importante fonte de ornamento decorativo e Le Corbusier estudou a estrutura e os padrões de crescimento de plantas e conchas. Jeanerret descreveu sua adolescência:
“Meus anos de infância se passaram com meus colegas em meio à natureza. Meu pai, aliás, dedicava um culto apaixonado às montanhas e ao rio que formavam nosso lugar. Estávamos constantemente nos cumes; o imenso horizonte nos era costumeiro. Quando o mar de nevoeiro se estendia ao infinito, era como o verdadeiro mar – que jamais eu vira. Era o espetáculo culminante. A idade de adolescência é a idade da curiosidade insaciável. Fiquei sabendo como eram as flores por dentro e por fora, a forma e a cor dos pássaros, compreendi como cresce uma árvore e por que se mantém em equilíbrio mesmo em meio ao temporal.”
Na Escola de Arte de La Chaux-de-Fonds, conheceu seu mestre L’Eplattenier, que persuadiu Jeanerret a se iniciar como arquiteto e a utilizar o desenho como principal ferramenta de observação. L’Eplattenier via a natureza como principal fonte de inspiração para o artista decorador; suas opiniões se deviam muito aos escritos de Ruskin e por Owen Jones em seu livro The Grammar of Ornament.
Sua primeira casa, a Villa Fallet é resultado das influências de L’Eplattenier e da natureza de La Chaux-de-Fonds. Seu estilo vernáculo era uma variação das casas de sua cidade natal, e seus elementos decorativos derivavam da flora e da fauna da região.

16.12.06

Análise: Villa Fallet


O primeiro projeto de Le Corbusier, aos 17 anos, a Villa Fallet explora a modelagem da forma e a riqueza do tratamento das superfícies. Os materiais e temas locais foram explorados em sua plenitude, em termos de padronagem e textura diretamente inspirados nos estudos da natureza feitos por Jeanerret, que transformou as formas naturais em ornamento decorativo.

O tema da natureza é desenvolvido por contrastes complementares, tais como: entre superfícies lisas e rugosas; retângulos, curvas, pirâmides e ziguezagues; entre planos rasos, cúbicos e inclinados.

Inspirado por seus croquis, elementos naturais foram progressivamente estilizados para formar elementos decorativos.
A planta mantém um formato quadrado e a cumeeira segue o eixo linear do terreno. Mais uma vez seguindo o tema da natureza, a empena oeste remete ao perfil do pinheiro.

15.12.06

Os Anos de Transição


Influenciado por sua Voyage d’Orient, Jeannerret impõe a seus projetos uma forma mais clássica, a ênfase é deslocada da volumetria complexa para combinações simples de sólidos primários.

Em 1908, Jeannerret passa a trabalhar com Auguste Perret em Paris, onde recebe uma formação básica em concreto armado e aumenta seus conhecimentos da cultura francesa clássica; começa, então, seu rompimento com os conceitos de L’Eplattenier. A convivência com Perret o convenceu de que o concreto armado era o material do futuro, uma das grandes vantagens que via no sistema estava na possibilidade de ter formas padronizadas para a construção, tais como as linhas de produção da indústria automobilística.



Em 1915, Junto com o amigo e engenheiro suíço Max du Bois, desenvolveu duas idéias que desenvolveria ao longo da década de 1920 – sua reinterpretação da estrutura Hennebique como a Maison Dom-Ino e as Villes Pilotis, uma cidade projetada para ser construída sobre pilastras.

O modelo Padronizado Dom-Ino consiste em uma unidade de produção em série de moradias, tem uma laje de piso de concreto, com pilares recuados e uma escada em balanço em uma das extremidades. A laje é nervurada, com caixões perdidos e reforço de aço.
O protótipo Dom-Ino expressava o desejo de Le Corbusier de realizar uma arquitetura urbana, para a era da máquina, seguindo as conquistas modernas da produção em série dos meios de transporte – idéias expressas em seu polêmico ensaio Des Yeux qui ne voient pas (Olhos que não vêem). Ao mesmo tempo era um jogo com a palavra Dom-Ino como um nome industrial patenteado, e dava ao projeto uma conotação de quebra-cabeças onde as plantas em ziguezague lembravam a formação de um jogo de dominó. Em Por Uma Arquitetura, ele escreveu:
“Se eliminarmos de nossos corações e mentes todos os conceitos mortos a propósito das casas e examinarmos a questão a partir de um ponto de vista crítico e objetivo, chegaremos à “Máquina de Morar”, a casa de produção em série, saudável (também moralmente) e bela como são as ferramentas e os instrumentos de trabalho que acompanham nossa existência”.
A Villa Schwob era uma síntese de tudo que Le Corbusier havia vivenciado até então. Era sua oportunidade de empregar o concreto e o conceito que o levou à elaboração da Maison Dom-Ino.

14.12.06

Análise: Villa Schwob




A Villa Schwob mostra nitidamente uma nova fase de Le Corbusier, além do emprego do concreto armado, as influências de Wright no pé-direito central duplo e de Hagia Sophia nas projeções absidais são exemplos de uma fase de experimentação de Jeanerret. Embora ainda permaneça a simetria bilateral e o eixo longitudinal seguindo o eixo do terreno.

A Villa Schwob tem uma estrutura paladiana. Quatro pilares de concreto armado sustentam o centro e um sistema proporcional controla as ligações. Pela primeira vez, Le Corbusier empregou “linhas reguladoras”.

Insistindo em contrastes fortes como na Villa Fallet, a volumetria estabelece essas relações entre as formas cúbicas e as absides cilíndricas.


13.12.06

A Década Heróica: 1920 – 30



Jeanerret adotou o pseudônimo Le Corbusier em 1920. Em 1922, tanto a Maison Dom-Ino quanto as Ville Pilotis foram aperfeiçoadas como a Maison Citrohan e a Ville Contemporaine, e os dois projetos foram expostos no Salon d’Automne .
O nome Maison Citrohan era uma homenagem à fabrica de automóveis Citroën, uma vez que Le Corbusier acreditava ser esta tão eficiente quanto as novas máquinas do século XX. Em Por Uma Arquitetura explicou como o conceito substituiria a antiga casa que, segundo ele, usava mal o espaço. Afirmava que era preciso “considerar a casa como uma máquina de morar ou como uma ferramenta,... prática como uma máquina de escrever”.
Le Corbusier ansiava por desenvolver as conotações urbanas de sua arquitetura. A Ville Contemporaine, uma cidade utópica para 3 milhões de habitantes era uma crítica às ruas estreitas e aos cortiços confinados e escuros das cidades da época, os apartamentos e casas eram bem espaçosos e iluminados, distribuídos em áreas verdes.

Segundo Frampton, a contribuição mais importante e duradoura da Ville Contemporaine “foi sua unidade Immeuble-Villa, Uma adaptação da Maison Citrohan como célula-base de moradias de grande altura e densidade habitacional”.

A unidade Immeuble-Villa foi exposta como protótipo no Pavillion de L’Esprit Noveau, o qual foi uma condensação dos conceitos puristas. O Purismo era a nova linguagem arquitetônica de Le Corbusier que, por volta de 1925 havia alcançado a maturidade. O tema da villa burguesa foi explorado 1925, quando Jeanerret publicou Les 5 points d’une architecture nouvelle(Os cinco pontos de uma nova arquitetura), base para os projetos da Maison La Roche, da Villa Garches, da Villa em Stuttgart e da Villa Savoye:

  1. Os pilotis elevam a massa acima do solo;
  2. A planta livre, obtida mediante a separação entre as colunas estruturais e as paredes que subdividem o espaço;
  3. A fachada livre, o corolário da planta livre no plano vertical;
  4. A longa janela corrediça horizontal;
  5. O jardim de cobertura que recria o terreno coberto pela construção da casa.

A Villa Savoye representa a apoteose da tentativa de Le Corbusier de criar a moradia ideal, o projeto é a realização plena das idéias exploradas inicialmente no modelo Citrohan.

12.12.06

Análise: Villa Savoye



A Villa Savoye é a realização dos ideais de Le Corbusier, um receptáculo para a luz solar, empregando uma composição de sólidos e planos como uma pintura purista. Ao mesmo tempo, a forma centralizada é colocada na paisagem como um templo, sobre pilotis, como colunas clássicas.


A membrana transparente que define a zona de acesso contrasta com o volume cúbico acima, é um convite à entrada e uma transição entre o edifício e a natureza na qual está inserido.


A zona de estar é expressa com um piano nobile e tem uma área pública e outra privada, separadas pela rampa. A área pública consta do salão e da sala de estar, e a privada dos dormitórios, sanitários e a cozinha.

A rampa serve como veículo para a promenade architecturale, oferecendo sensações contrastantes, à medida que se passa de um local fechado confinado para a expansão espacial do terraço.

A Promenade Architecturale termina no nível da cobertura, onde Le Corbusier cria mais um terraço. Este é circundado com um painel que, como um frontão, transmite a mensagem do edifício através de uma espécie de escultura.

Os planos curvos do painel também tornam a Villa visível à distância, mantendo a intenção do contato com o exterior presente no térreo.

11.12.06

Bibliografia

Livros:


  • FRAMPTON, Kenneth. HISTÓRIA CRÍTICA DA ARQUITETURA MODERNA. Ed. Martins Fontes. SP2000

  • LE CORBUSIER. POR UMA ARQUITETURA. Ed Perspectiva. SP1977

  • BAKER, Geoffrey, H. LE CORBUSIER: UMA ANÁLISE DA FORMA. Ed Martins Fones, SP 2000

Sites: